depois da última edição em 2011, penso que Luanda já tinha saudades da Trienal... a verdade é que passou muito tempo para o evento regressar a cidade, o que de alguma forma elevou ainda mais as espectativas que tinha do evento.
a III Trienal de Luanda que tem como tema “Da utopia à realidade” começou com informação/comunicação deficitária, para não dizer inexistente, silenciosa ou mesmo muda! para um evento que já lançou tantos artistas e que no passado movimentou de tal maneira a cidade que até na imprensa internacional se fez sentir, é inconcebível que na sua terceira edição o evento não saiba comunicar. um site, um blog, uma simples página no facebook ou um link no instagram para falar das plataformas online mais populares e com um uso simples e custo económico reduzido. na imprensa local quase não se encontra nada com excepção de uma entrevista ou um artigo, sendo mesmo impossível encontrar a programação do evento. o blog 3950 minutos é talvez o lugar com mais e melhor informação sobre o evento.
segundo informação, a III Trienal de Luanda começou no mês de novembro de 2015 e vai até novembro de 2016, com ambição de se estender a varias cidades do país que não sei quais são nem o tipo de formato ou conceito que tem o evento.
feliz ou infelizmente, o circuito de pessoas das artes em Luanda é bastante pequeno e agenda cultural da cidade nesta altura é quase inexistente, daí que foi neste circuito que tive a informação do show da passada sexta-feira no Palácio de Ferro com o grande Carlitos Vieira Dias (guitarra acústica) acompanhado do Nanutu (saxofone) e Dalú Roger (percussão), onde a Banda Next fez a sua reaparição na segunda parte do show. estranho facto ser o cota Carlitos Vieira Dias a apresentar-se em primeiro... não pela sua idade nem pelos anos de música do cota, pessoalmente acho que num show sobe primeiro ao palco quem tem menos qualidade.
a noite foi bastante agradável em primeiro lugar porque o espaço ajudou muito. voltar a estar no Palácio de Ferro apesar daquele amarelo irritante, foi um momento emocionante... o espaço é um ícone da cidade e só espero que seja entregue ao público e que possamos ter o prazer de presenciar mais eventos culturais no local.
as Vozes de Um Canto é o único disco que tenho do cota Carlitos Vieira Dias... é daqueles álbuns que escuto quando tenho saudades de uma Luanda em que nunca vivi, uma Luanda que me foi apresentada em histórias dos mais velhos... é um som muito próprio que me faz viajar para um momento especial e feliz da minha vida. o Nanutu com a sua ginga peculiar, foi um acréscimo feliz na sonoridade de clássicos como Lemba, Clube Marítimo Africano ou Palamé.
a primeira vez que vi a Banda Next foi no Chá de Caxinde, na II Treinal, numa noite maravilhosa que possivelmente já escrevi sobre o momento. gosto bastante do Nuno Mingas pela sua voz, a forma como se movimenta em palco mas também por ser amigo. nessa nova versão da Banda Next, o Nuno igual a si próprio conseguiu entreter-nos com os seus movimentos em palco em jeito de performance, mas irritou-me bastante que o show foi praticamente uma copia da noite do Chá de Caxinde que aconteceu em 2011, com agravante que dessa vez notava-se claramente que faltou a banda mais horas de ensaio! houve alturas até que o Nuno estava numa e a Banda estava noutra e no meio de caminhos opostos lá reencontravam-se.
não foi uma perca de tempo com certeza, a experiência de ouvir a guitarra de Carlitos Vieira Dias naquele espaço aberto é coisa rara em Luanda.
entretanto, continuo a espera que a organização da III Trienal de Luanda fale mais com o público e que apresente melhor o que realmente vai acontecer durante os 12 meses que vai durar o evento.