e fecharam-se as cortinas da 5ª
edição da Cape Town Art Fair, a primeira para mim.
três dias de muitas mensagens em
diferentes formas de arte, três dias de muitas conversas interessantes, três
dias de muitas misturas, três dias de muitas descobertas, mas também de muitos
momentos simples mas inesquecíveis como sentar-me ao lado do Justin Dingwall e
ter uma conversa como se fossemos íntimos! olhar de perto o Tumelo Mosaka numa
simplicidade e afável disponibilidade que quase ofusca aquele cérebro de
génio... descobrir o Massimo Agostinelli e os seus Anagrams, ouvir as histórias
de Albie Sachs naquele que foi para mim o melhor talk da feira... cheirar as
obras do Pieter Hugo, desfolhar uma edição da revista Chimurenga, "tocar" numa
peça de Yinka Shonibare Mbe ou uma simples troca de ideias com a maravilhosa
Tony Gum numa timidez próprio de alguém que aceita com bastante humildade a
grandeza e qualidade do seu trabalho... enfim, a lista seria grande e possivelmente
não termina num único texto todas as coisas boas que aconteceram na #CTAF17.
como em qualquer evento independente
do segmento, no final é com naturalidade que pessoalmente escolhemos os
destaques, mesmo depois dos factos que apontei no paragrafo acima, a que escolher
um destaque, não adianta fingir.
podia destacar aqui o
interessantíssimo vídeo Afro Promo #1King Lady da zimbabueana Nora Chipaumire ou o impacto perturbador das
mensagens do Kudzanai Chiurai... mas vou propositadamente puxar o peixe para o
meu lado e torcer pelos meus ou no caso o meu, pelo simples facto de ser uma
grande vitória de alguém que vem de um lugar que a arte se encontra num
sarrabulho de enganos, mentiras, intrigas desnecessárias, falta de investimento
e formação e principalmente pelo engano quase geral de muitos que
autointitulam-se de artistas porque falsos curadores
e galeristas os fazem acreditar numa mentira!
o meu destaque para #CTAF17 vai exclusivamente
para o Edson Chagas, por ser o primeiro e único artista angolano com trabalhos
que fazem parte do espolio do Zeitz Museum Of Contemporany Art Africa – MOCAA,
o primeiro e maior museu em África dedicado a arte contemporânea, que vai abrir
aqui em Cape Town em Setembro deste ano. se isso não é uma noticia de destaque
num país em que as boas coisas normalmente são reconhecidas de fora para
dentro... então é porque continuamos a seguir pelos trilhos errados dando
legitimidade a mediocridade. fiquei feliz pelo Edson e orgulhoso pelo destaque
que o seu trabalho teve na feira.
não há voltas a dar, Cape Town é o place, a par de 3 ou 4 cidades
africanas, definitivamente são esses os lugares que a arte angolana tem que se
focar e desligar-se um pouco do cliché que a internacionalização da nossa arte significa
Lisboa... concentremo-nos na proximidade de cidades como Acra ou Iaundé com
humildade e sem aquela arrogância que somos os maiores, assumir que nos falta
mais formação, ler muito, escrever e investigar mais para que possamos
construir uma base suficientemente sólida para no mínimo tentarmos nos
aproximar do movimento cultural duma cidade como Nairobi, para citar o país da artista Jackie Kurati vencedora do Cape Town Art
Fair 2017 Tomorrows/Today Young Artist Award.
next stop, de
24 de fevereiro a 5 de março, Art Africa Fair 2017.