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2.3.17

MAKE IT HAPPEN

em quase um ano de Cape Town é a primeira vez que me sinto pequenino... o festival é tão grande em todos os sentidos, logística, organização, participantes, media, criatividade, sponsors, etc, e o Artscape, local onde se realiza o Design Indaba Festival 2017 transformou-se num planeta totalmente diferente daquilo que acontece ao seu redor, o contraste é tão grande e nota-se assim que saímos do recinto e atravessamos a rua, ficamos com a sessão de que Cape Town fica para lá do recinto e para quem está cá dentro é como se estivesse num outro mundo. é tanta gente para falar, trocar informações, ideias, contactos que no final sente-se que o dia é muito curto para experimentar todas as experiencias que o festival oferece! 

sobre os talks, ao primeiro olhar da sempre vontade de querer ver todos... ser speaker num festival dessa envergadura desperta sempre curiosidade para saber que novidade trás este ou aquele speaker. fora o pessoal do IKEA (Marcus Engman e o Jesper Drodin), não conhecia nenhum dos speakers do primeiro dia. a par da extraordinária performance de abertura produzida pelo casal Adriaan Hugo and Katy Taplin com a coreografia dos artistas sul africanos Dear Ribane e Lindiwe Matshikiza e soundtrack de João Renato Orecchia Zúñiga… a melhor apresentação para mim foi do designer nigeriano Yinka Ilori, que falou do conceito de criação dos seus móveis vintage influenciado pelas tradicionais parábolas nigerianos e tecidos africanos de cores vivas que fizeram parte da sua infância... cheio de humor e de um sorriso contagiante, contou algumas histórias das tradições verbais da Nigéria que influenciam o designe contemporâneo mas também outros temas como a sexualidade ou a eterna esperança africana. no break, falou-me que os nigerianos estão em todo mundo, mas é incrível como para todo lado que viaja encontra sempre um angolano! 

Great Things to People, projecto de arquitectura, arte e design chileno que desenvolve uma técnica experimental em crafting digital em matérias tradicionais da região dos 5 fundadores do projecto. A apresentação poderia ter sido melhor não fosse o nervosismo de um dos membros... mas no final, super interessante o trabalho apresentado em colaboração com o artista cerâmico e designer sul africano Andile Dyalvane

mesmo antes de ouvir-lhes, o talk do pessoal do IKEA foi o momento que mais esperei por dois motivos... sou um fã assumido da marca e nunca me esqueço os quilómetros que andei até chegar a Älmhult única e exclusivamente para conhecer o museu e a primeira loja da marca, num inverno rigoroso com temperatura negative… foi um momento maravilhoso e acredito que vou repeti-lo. o segundo motivo para ter expectativas tão altas desse talk era o facto da apresentação do projecto Explosion of Creativity, onde pela primeira vez a marca sueca convidou alguns arquitectos e designers de 7 países africanos para em parceria com a IKEAtoday desenvolverem uma linha de peças urbanas e modernas, da qual faz parte da arquitecta angolana Paula Nascimento! foi lindo ver aquele grupo em palco com palmas que nunca mais acabavam e uma pena a Paula não estar presente mas eu bati muitas palmas por ela e "felicitei-me" como angolano, ao mesmo tempo que entristece-me pelo facto de num acontecimento desse a imprensa angolana estar distraída e não ter presente um único jornalista para cobrir o momento e fazer barulho como fizeram os outros... é triste e até revoltante que um país onde a palavra jovem está constantemente na boca dos discursos, uma viagem do Nagrelha a Lisboa ou a participação do Coréon Dú no carnaval do Rio de Janeiro tenha mais destaque que o facto da Paula Nascimento fazer parte desse grupo que provavelmente começou a definir aquela África de hoje e do amanhã. acordem! 
por recomendação, falei com Bebi Seck (senegalês) e o marfinense Issa Diabaté dois integrantes desse especial grupo... Diabaté super simpático e afável, combinamos um café depois de afirmar tristeza pela ausência da Paula Nascimento

entretanto, o Design Indaba Festival continua... e eu sinto-me ainda mais pequeno.